domingo, 28 de novembro de 2010

Poderiamos Casar

Poderíamos casar. Não chegaríamos sequer perto do exemplo de família perfeita. teríamos um apartamento, quem sabe uma casa com jardim e um cão com pêlo brilhante. Improvável. Tomaríamos café as cinco da tarde. Eu reclamaria o fato de você ter arranhado meu cd favorito e você reclamaria pelo fato de eu ligar o chuveiro horas antes de ir para o banho.
Eu não admitiria o quanto você fica linda quando fica com raiva e você não diria que lembra da cor da camisa que eu usei quando nos vimos pela primeira vez. Discordaríamos quanto a cor das cortinas. Não arrumaríamos a cama diariamente, beberíamos juntos em algum club no final de semana. A geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias. Adiaríamos o despertador umas trinta e duas vezes só para ficarmos horas na cama enrolando e falando qualquer besteira. você me ensinaria alguma coisa sobre enfermagem, e eu te convenceria a escutar minhas musicas. Sentaríamos na sala de pijama e pantufas, você iria direto no armario pegar salgadinho e eu comentaria alguma notícia qualquer. Você saberia o nome do meu perfume, eu saberia onde você largou a última edição da revista. Sairíamos pra jantar em algum dia de chuva e não nos importariamos em chegarmos encharcados. Dormiríamos com o computador ligado. Nos beijaríamos no meio de alguma frase. Você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. Saberíamos. Poderíamos casar…




“Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.”
(Caio Fernando Abreu)

Nenhum comentário:

Postar um comentário