quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Fidelidade X Lealdade

Conversando com uma amiga minha, que se chama Bruna Andrade e dedico esse texto a ela. 
Em nossa longa conversa no msn, conversamos um bocado sobre relacionamentos.
A questão que mais tomou meu tempo, na verdade, foi a conturbada relação entre fidelidade e lealdade, confundidos por 90% dos seres humanos na Terra.
Em termos simples, fidelidade é aquela característica em que “não se tem olhos para mais ninguém”, e é a única coisa que as pessoas cobram de seus parceiros na maioria dos casos. Já lealdade é algo que se espera dos amigos: estar ao seu lado quando você precisa, respeitar seus sentimentos, dizer a verdade quando ela se faz necessária, mesmo que seja algo doloroso.
Para mim, lealdade é algo infinitamente mais importante do que fidelidade. Da mesma forma, uma pessoa desleal é infinitamente mais desprezível do que alguém infiel. É irreal pensar que o ser humano é capaz de suprimir suas vontades e desejos em nome do “amor”, e certamente estes desejos contidos irão se acumular de forma a atormentar o relacionamento, voltando à tona em toda discussão do casal, mesmo que o tema da briga seja completamente diferente. Vontade é coisa que dá e passa, quando você mata a vontade, ela deixa de ser um problema. Mas, se ela não for saciada, sempre vai haver aquela pontinha de vontade reprimida, aquele “ah, se eu pudesse…”, que pode ser fatal para o mais sólido dos romances.
Claro que isso não significa que eu acredite em “relacionamentos abertos”, e cada um possa fazer o que quiser da vida. Mas se você tira férias e passa um mês longe do seu amado(a), e ele(a) por acaso sai com os amigos e fica com uma menina(o), não por maldade, mas por carência, quem sou eu para condenar o cara ou a menina? Cada caso é um caso, mas se a relação for sólida e saudável, não é uma “pulada de cerca” que vai pôr fim ao namoro/noivado/casamento.
Para terminar imagina se Leonardo Dicaprio (ou qualquer outro sonho de consumo feminino) chegasse pra minha amada e dissesse que queria  ela, eu seria o primeiro a empurrar a menina pros braços dele,  imagina, esse tipo de oportunidade não aparece todo dia, e seria uma história para contar para todos os amigos e nossos descendentes.
Lealdade é ter franqueza, sinceridade,  enquanto fidelidade é a exatidão em cumprir suas obrigações, em executar suas promessas, jurar fidelidade.
Interessante isso, não é? Na amizade, na profissão, na vida em geral, parece claro que a primeira situação é a mais adequada. Mas quando o assunto é o coração ai as coisas complicam.
Em relacionamentos pautados na fidelidade, trair é pular a cerca. Se um pula e não conta, o outro lado não saberá que o pacto foi quebrado e o protagonista apenas carregará o peso na consciência. Se o fardo for grande para carregar só, confessar vai transferir parte da carga para quem não esperava carregar isso.
Já naqueles relacionamentos onde a lealdade é o lastro, trair é esconder que foi comer em outros pastos, estaríamos prontos para assumir os riscos e lidar com as conseqüências que podem acontecer de ser leal?
O que eu quero dizer, com esses pensamentos, é que, talvez sinceridade e fidelidade sejam incompatíveis.




"Há que ser infiel, mas nunca desleal."
(Gabriel García Márquez)

Um comentário:

  1. Eu realmente fiz a coisa certa quando conversei com você sobre tal coisa citada a cima. Meus pensamentos foram emoldurados, pois como sempre digo, carrego muitas das coisas que você diz. Beijos e Obrigada Jean s2

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