quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nossa hora.



3:20 da madrugada e eu acordo todo assustado, dei um pulo da cama. Pensei até que fosse um sinal, e talvez até fosse. É isso mesmo, eu estou falando em um sinal. Não é com frequência que eu sonho com ela, e pra ser mais exato ainda, faz dois anos que eu nem a vejo, e nesse tempo todo esporadicamente conseguia lembrar que ela existia. E assim, do nada depois de um sonho desse com ela, era pra lá de assustador. Já que eu não iria mais conseguir dormir, decidi ir na varanda e ficar olhando, eu tinha quase certeza que não era ninguém especial, ou pelo menos ninguém especial no qual eu desejava ser. Tive certeza nesse pensamento, mas ainda sim, tudo isso que tava acontecendo nessa madrugada era, de um jeito ou de outro, um sinal.

Os dias e as semanas que se passaram foram de uma inquietação só, não cheguei a sonhar com ela de novo, não tive nenhum outro sinal real, mas tive milhares de sinais no qual eu é que fazia questão de encontra-los em todos os cantos.

Sempre ouvir muitas pessoas dizerem que você colhe tudo o que você planta, e se caso eu plantei uma ótima historia com uma pessoa, é certo que eu passe a vida toda colhendo os frutos sozinho? E se caso a safra foi ótima e teve frutos por muito tempo para que você ficasse cansado de colher? Se eu plantei amor, pela mesma analogia, não seria justo eu colher amor também? Não é toda vez que isso acontece, ou talvez, seja isso por pouco tempo. Você só precisa saber que na próxima safra, é muito raro que a gente colha os mesmo frutos. Principalmente quando se trata de amor.

Eu cheguei a viver esse tipo de amor, desses enormes, e intensos que chegamos a achar que nunca mais vai sentir algo parecido por outro alguém na vida. Só que por mais que exista amor, nem sempre o destino mantém as pessoas que se amam juntas. Mas sabemos que cada amor, tem o seu tempo de acontecer e de dar certo.

Perceber essas coisas é um pouco fácil. As vezes tem aquela pessoa que passou a vida toda fazendo as mesmas coisas que você, indo para os mesmos lugares, as mesmas boates, e que tem milhares de amigos em comum, que até estudou no mesmo colégio que você, e que por ironia ainda estuda na mesma faculdade, mas em um curso diferente, morava na mesma cidade, mas nunca se bateram frente a frente por anos, até um certo dia. Um dia desses eu tava perguntando a minha mãe sobre essas coisas, e ela me disse assim: “As coisas acontecem quando chega a hora de acontecer, se vocês não se conheceram antes é porque talvez não estivessem preparados para o que poderia acontecer. Deus escreve certo por linhas certas, torto é aquele que não sabe interpretar”.

É chato pra mim aceitar, mas queira eu, ou não. Não era o nosso tempo. O momento era importuno. Uma grande injustiça e ironia do destino. Falta paciência. Inúmeras tentativas. Infinitas discussões. Inquestionável amor. Inesquecível história. Inesperadamente tudo isso veio à tona, junto com os sentimentos.

Lembranças. Memórias. Eu sair atrás de noticias dela insaciavelmente por esses dias. Permanecia numa insanidade só. E totalmente insatisfeito do meu atual estado, decidi que de uma forma ou de outra eu teria que achar o telefone dela, ou pedir o telefone a melhor amiga dela.

Então liguei, e do outro lado, um alguém diferente. Meio assim pela mudança, comecei a falar da vida dela, deu vontade de contar da minha, mas ai parei meio que na contramão dos meus sentimentos. Então, depois de algum tempo falando com ela ali no telefone, ela me disse que estava noiva, e que se casaria dentro de 20 dias. Fiquei completamente mudo, e do outro lado ela disse varias vezes “Alô”. Quando eu dei por mim, acabei inventando que tinha me distraído com algo na internet, mas depois pensei: Que porra foi isso que eu disse? “Me distrai com a internet”... essa foi a pior que teve... Quem em plena consciência iria se distrair com a internet quando o amor da sua vida diz que noivou e vai casar daqui a 20 dias? Eu é que não.

Ela do outro lado da linha, fingiu que acreditou na minha desculpa. E então marcamos de nos encontrar. Conversamos. Eu disse que estava com saudade, e ela foi recíproca quanto a isso, mas não era aquele tipo de saudade que se sente de um ex. Aquele tipo de saudade, é quando fica praticamente impossível de não lembrar dos bons momentos. Mas ali, ela na minha frente, eu percebi que o amor não tinha acabado, só o relacionamento.

Aquela sensação ficou dentro de mim no “modo espera”, até o dia que eu a vi novamente. Nós então começamos a fingir que aquele nosso encontro não tinha mexido conosco, e prometemos um ao outro que qualquer dia quem sabe, teríamos um encontro cada um com os seus respectivos parceiros. Mas tanto eu, quanto ela tinha uma coisa na cabeça que dizia: “Isso não vai acontecer de novo nem tão cedo”.

Ela não conseguiu seguir essa coisas que ficou dizendo nas nossas cabeças, então dois dias depois ela ligou pra mim contando das duvidas dela com o casamento, dos seus medos, e lembrando do passado, do nosso passado. Rimos bastante com todas as nossas próprias historias que juntos fizemos, então eu a perguntei se ela não queria sair comigo novamente. Mesmo sabendo onde o final daquela noite poderia acabar ela aceitou.

Ela que não é daquele tipo que liga no dia seguinte, mas para a minha surpresa, ela ligou. Percebi algo de estranho na voz dela, e a perguntei o que era. Eu sabia que eu era a raiz disso tudo, seja lá o que “isso” for. Ela resumiu tudo em uma palavra: “Acabou”. Eu fiquei meio sem entender quando ela disse isso, pois não sabia se tinha acabado pra mim ou pro noivo dela, eu só conseguir dizer: “Quer conversar?”. Só que ela não queria conversar, e pela primeira vez na minha vida eu tinha certeza de uma coisa. Então eu disse que a gente poderia sair para “não conversar”. E ela aceitou e nós fomos.

Como eu não sabia se tinha acabado pra mim ou para o noivo dela, eu cheguei sem muita intimidade. Toquei na mão dela, para que ela soubesse que eu estava ali pra “não conversar”, me sentei ao seu lado, esperando que ela fizesse algo, um movimento, uma reação. Só pelo olhar dela pra mim, eu sabia que não tinha acabado pra mim. Não era minha intenção acabar um relacionamento, eu na verdade queria especialmente, matar toda a saudade que eu tenho dela.

Fiquei meio preocupado com ela pelo fim do seu relacionamento, mas por outro lado também estava feliz. Todo fim é sempre um novo começo. É sempre necessário que um ciclo feche para que outro comece. Certa vez me disseram: “se você realmente ama alguém, deixe-a livre”. E eu apoio veemente essa máxima. Se for pra a pessoa voltar, uma hora ou outra voltará, após um breve caminhar, ou após longos anos. O mais importante é que não importa o tempo que passe, ela voltará. Nesse caso que eu escrevo hoje, ela voltou, apesar de estar totalmente livre pra escolher quem quiser.

Quem sabe agora seja a nossa hora. Ou talvez não. Quem sabe seja qualquer hora, e não “A” hora sabe? O fato aqui é que eu percebi o sinal e tive a minha atitude. É extremamente facil para uma pessoa fraca dizer que o tempo e o destino vai cuidar de tudo, que vai fazer dá tudo certo. Só que entenda que o destino e o tempo não faz nada por ninguém, principalmente sozinho. Há uma grande diferença entre as pessoas que percebem certos sinais que a vida dá e tomam uma atitude a partir desses mesmos sinais. Se eu não tivesse percebido e não tivesse feito nada, talvez eu não tivesse me encontrado com ela novamente, ou ter ficado com ela pra sempre, quem sabe do amanha né?

O que eu posso falar com toda a certeza aqui é que esses sinais sempre estarão por ai. Mas você tem que entender que nem sempre esse sinal está verde. Vejo varias pessoas ficando chateadas ou até ignoram quando estes sinais mostra algo que elas não esperavam. Muitas vezes o sinal pode aparecer amarelo, é ai que precisamos ter cuidado e prestar atenção nas nossas palavras e ações futuras. Também pode ser que o sinal apareça vermelho, que é a hora de pararmos e reavaliar o nosso percurso ou para entender que não faz mais parte, ou para trazer aquilo de volta para nossa vida. Inquestionavelmente, todos nós queremos sinais verdes para todas as coisas, mas não percebem o quanto os outros sinais também tem a sua importância.

Pensa em quantas vezes você deixou de fazer algo que queria muito, você não esperou nenhuma força do além te recompensarem? Entender que nem sempre é o destino que nos dá presentes é preciso, as vezes nós mesmos precisamos nos presentear. Escolher o caminho que queremos trilhar, e plantar o que queremos colher. Nem sempre o tempo e o destino vai te dar o que você realmente merece por essa escolha. Mas a vida é assim.

Mas antes que você pense em reclamar e sair por ai falando coisas como a vida é injusta pense direitinho... Porque é muito reconfortante saber que a vida é injusta, porque se a vida fosse justa, isso iria implicar que tudo de mal que acontece conosco somos merecedores.

Então, ela estava ali, livre, e eu aqui, livre também. E aqui também estava a nossa hora. “A” hora certa.





"Chegou a nossa hora, e agora é pra sempre."
Jean Chandler

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