sexta-feira, 1 de junho de 2012

Idas e Vindas.


“Eu simplesmente não te amo mais!” Foi isso que eu disse a mulher, na qual o único crime era o de não me amar. Estava eu ali, parado em frente a porta da casa dela, não conseguindo nem segurar as lagrimas e segurando um baú de lembranças e recordações. Prontamente ela reconhece o baú, e perguntou o que eu fazia ali, na frente da porta dela, com ele nas mãos. Então, eu respondi que havia trazido apenas para devolver, só que agora eu, pensei direitinho e tinha trazido para dar um fim em tudo aquilo. Dilacerava dois anos das nossas vidas, e de pouquinho em pouquinho, foram caindo no chão, trechos de aniversários de namoros e trechos de frases como “Eu te amo”. Ela ficava olhando pra mim, pedindo para que eu parasse com tudo isso, porque “tudo ia se ajeitar um dia”.  Joguei o baú no chão, e a deixei ali, parada também perto da porta, na inércia, apenas a vendo notar a caixa e mil pedacinhos de trechos, de frases, de cartas e outras coisas que um dia fizeram tanto sentido pra nós dois.

Eu já estava na minha casa, todo estirado na minha cama. Tinha saído segundos atrás do banho, banho esse que duraram horas, entrei no banheiro totalmente triste e com as recordações, saí de dentro do banheiro bastante pensativo, como o rosto um pouco molhado, mas não dá água do banho. Aquela noite de ontem, continuava vindo em minha mente. Por mais de centenas de vezes ela tinha me dito que não queria mais nada comigo, que todas as duvidas sobre o que sentia por mim ainda estava presente, mesmo depois de todos esses anos que passaram, mas disse também que precisava de mim, da minha amizade sempre. Varias vezes insistimos em ser apenas amigos, houve tentativas de não falarmos mais, tentamos ser só ficantes mesmo que unilateral, tentamos ser namorados mesmo que unilateral também, ou seja, tentamos tudo(creio eu). Só que mesmo assim, eu não conseguia entender, porque duas pessoas que se gostam tanto, e que tem um imenso carinho uma com a outra, não tinha sucesso em descobrir uma maneira de conviver na qual não saíssem machucados.

Nesses nossos vem e vai, parecia que ela tinha um radar, toda vez que eu tava tranquilo, sossegado, e tinha superado tudo, ela reaparecia e me confundia totalmente para me trazer de volta pra ela. É como se eu fosse uma espécie de segurança pra ela, um chão, um porto, como se eu fosse estar sempre aqui pra ela, pra quando ela quiser voltar. O pior é que sempre estive mesmo. Hoje em dia particularmente não sou muito fã de joguinhos, na realidade, nunca fui do tipo que fica escondendo o que sente. Algumas pessoas que me conhecem bem, falam que só de olhar pra mim já sabe o que eu penso e o que sinto e acredito que não ia ser diferente quando o assunto fosse justamente o amor.

Dessa vez, eu me prometi que não tinha como, nem cabimento para voltar. Quando ela pensasse em usar aquele seu radar, eu ia correr como se não houvesse amanha, para o mais longe possível e acabou, não ia ter como me encontrar. Pensei em viajar e até foquei nessa ideia de passar um tempo fora, com certeza isso me faria um enorme bem. Então eu fui, viajei, e assim que voltei, ela continuava aqui, junto com todos os problemas que deixei pra trás, pensei que minha vida ia ser igual aqueles filmes onde o mocinho viaja e tudo se resolve. Eu não tinha como evitar o que sentia por ela, sentimento esse que não tem nome pra mim. Apenas existe, ainda que eu não saiba me expressar, nem definir, ele tá aqui comigo. Tentei mudar a minha vida, a minha rotina, arrumei uma nova namorada, namorada igual aquelas que todo cara quer, mas que consideram impossível de tê-la, inclusive eu, e mudei tudo mais. Devagar eu fui me reconstruindo e quando estava ficando totalmente refeito, o fantasma dela ressurge, como era de se esperar.

Logicamente tudo que a envolve, mexe muito comigo, mas eu fui decidido na minha decisão, não abri as portas do meu coração, nem deixei com que ela entrasse na minha vida. E eu ia fugindo, e ela vinha atrás de mim, com a mesma frase, dizendo aquelas frases clichês que você costuma ver em Facebook, Orkut e Twitter “no final tudo dá certo e se não deu é porque não era o fim", dizia que eu sabia que a gente tinha um sentimento poderoso em comum e que mesmo que ela não soubesse expressar exatamente o que é esse sentimento, ela sabia que eu também sentia. Isso tudo era até verdade, mas eu não tinha que aguentar todo esse mimimi, e esse vai ou não vai, essas idas e vindas, eu tinha me decidido, e simplesmente eu não queria mais, não dava mais pra mim. Agora o que eu perseguia e ia em busca era o amor de verdade, daqueles bem resolvidos e bem sentidos.

Se há alguns anos atrás você me perguntasse o que ela representava e significava pra mim, eu prontamente diria que ela era o amor da minha vida, que eu iria casar com ela e tudo mais, mas depois de tudo que a gente passou, aqueles sentimentos foram se perdendo no tempo e no espaço e foram se confundindo. Todas aquelas minhas certezas do começo do nosso relacionamento desapareceram. Hoje em dia eu já nem sei se eu realmente gostava dela, ou se simplesmente gostava da pessoa na qual eu me tornava quando estava ao lado dela.

Se eu realmente era o porto e o chão dela, eu acho que eu o destruí, agora eu não estava mais aqui pra ela, como se esperava que acontecesse. Eu estava em busca de um novo navio, navio esse que se chama felicidade. E não estou me importando qual o grau de intensidade desse sentimento em comum que eu tenho com ela, esse sentimento vai ficar aqui trancafiado bem no fundo do meu coração. Porque não adianta nada ter muito sentimento, se na prática não há nenhuma sincronia, e nenhum entendimento. Conservarei o meu coração de ficar vivendo assim, nesse vai e volta.

Lembrando do meu tempo de colégio, eu tinha um professor que ele costumava a ler as mãos dos alunos, acredite ou não esse meu professor disse que no amor, eu encontraria uma pessoa que iria me magoar bastante, e que iríamos viver entre “tapas e beijos”, mas que ela ia me fazer muito feliz também. Quem sabe ele não acertou? Um dia saberei.

“Sim, eu te amo!” disse agora a mulher cujo único crime era de amar muito e não saber, não é por falta do sentimento que não dar certo, é que nós somos muito destrutivos, precisamos ficar longe, se assim parece ser a única saída para ficarmos protegidos. Pois, em alguns momentos, é pior amor demais, do que a falta dele. Então eu fechei a porta, e ela ficou novamente lá em pé perto da porta, como toda a sua inércia, com o baú nas mãos e em um saquinho os pedaços de cartas.

A porta que na maioria das vezes é o caminho para novas oportunidades, e que no nosso caso havia presenciado tantos abraços, carinhos, beijos, palavras e momentos bonitos, presenciava agora o fim.





"Tão mais difícil que lhe dizer eu te amo, foi dizer que não a amava mais."
Jean Chandler

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