domingo, 5 de agosto de 2012

Desprendimento


O término de um relacionamento, seja ele namoro, casamento, ou qualquer coisa semelhante, é como se fosse um luto, pois representa uma perda e nos sentimos vazios. Aceitar o fato de que você não vai mais ter certa pessoa, é sem duvida triste, mas necessário. Quando amamos muito, e o alvo desse amor deixa de conviver conosco porque não nos quis mais, fica uma sensação de que nada no mundo vai mudar toda a tristeza dentro de nós.

Se existe verdades incontestáveis na vida, é que todos nós temos medo de sofrer, e normalmente, iremos tentar controlar as coisas, imaginando que é possível. Tentamos não pensar na pessoa, não ligar, fugir dela, e coisas nesse sentido.

Acredito que a pior parte, seja se adaptar a nova realidade, e também aguentar uma dor bem real. Na verdade o que acontece quando um relacionamento termina é que o sofrimento vem junto, e ai tá duas coisas que não podem ser simplesmente desfeitas ou até consertadas. Até aquelas separações consensuais também machucam mais a um do que ao outro, e pode levar a pessoa a ter uma avalanche de emoções que demoram algum tempo para passar.

Aceitar que acabou, é algo extremamente difícil, pois você ama essa pessoa, e você está acostumado a ama-la. Mas depois de um tempo, e de tanta dedicação em um amor que não houve reciprocidade, e lhe foi negado repetidamente, chega o momento de parar e ir em frente, o que para algumas pessoas demoram meses, anos, ou décadas.

Acredito que eu esteja começando a aceitar isso hoje, uma coisa que eu juro que nunca pensei que iria acontecer, mas está acontecendo. Não tenho certeza se é bem isso, mas é bem parecido. Não estou dizendo que o amor está acabando, não é isso, acredito que nunca acabará, estou dizendo que eu vou seguir em frente, e parar com todas as expectativas, esperanças e fantasias, e me permitir a outras pessoas, e a outros sentimentos.

Em uma conversa com minha mãe sobre isso (coisa que não faço), ela me disse o seguinte: “Quando termina, é porque acabou”. Frase com um enorme pleonasmo, mas que faz um sentido fantástico, minha mãe que nunca foi de me dar conselhos amorosos, mas quando fala algo, é sempre especial e genial. E ela está certa. Ela complementou dizendo: “Se a pessoa não liga, nem manda SMS, é porque não está afim de ligar, nem de mandar”, “Se a pessoa não quer saber por onde você anda, é porque você realmente não tem mais importância na vida dela”. Ruim saber disso? Muito bom saber aceitar isso.

Minha mãe me fez perceber em vinte minutos o que eu não percebi em quase dois anos, que eu tenho o controle da minha mente. É uma pratica muito difícil, mas completamente possível. Não vai adiantar eu ficar lembrando o começo do namoro, ou ouvindo musicas que acabam com a minha serotonina, nem vai adiantar eu ficar fantasiando possibilidades para quando (um dia, talvez, quem sabe) ela mudar de ideia, vi que isso não vai me ajudar em nada.

E eu realmente estou me identificando com a causa, e não vou ser hipócrita aqui, mas existe um enorme abismo que separa o lugar que eu estou atualmente, para o lugar onde gostaria de estar.

Tentei de tudo. Não deu, então acredito que o meu ultimo recurso seja parar. Percebi que é inútil meu esforço e dedicação por algo que não tenho certeza se vai vim. Então, pararei de tentar, e se algum dia nossos caminhos se cruzarem novamente, nós veremos o que vamos fazer, até lá eu vou seguindo, vivendo um dia de cada vez.

Por tantos dias tentei não ter que decidir isso, pois não queria tomar essa decisão, acredito que por mim eu ficaria aperfeiçoando cada vez mais esse meu amor por você, cada vez mais o amadurecendo.

Você sabe meu nome, meu telefone, tem meu contato virtual e tem inclusive meu coração. Só que a partir de agora, se caso você vier a sentir a minha falta (coisa que acho difícil), você me procura. Pois eu não correrei mais.

Sabe, chega uma hora que a gente simplesmente cansa. Cansa de buscar o que não pode ser alcançado. Cansa de lutar por aquilo que não pode ser conquistado. Cansa de pensar naquilo que não foi feito, e naquilo que não foi falado. Cansa de buscar resultados. Cansa de buscar vestígios de sentimentos. Cansa de se contentar com tão pouco. Cansa de sonhar...

Chega um momento que descobrimos que ainda dá pra olhar pra frente e que dá pra enxergar alguns caminhos que antes não eram vistos. Chega um momento que percebemos que dá pra ir bem mais além do exato lugar onde estamos. Chega uma hora que desejamos bem mais que joguinhos, indiretas, e brincadeiras. Chega uma hora que descobrimos que a vida não é tão sem sentido sem aquela pessoa. Chega uma hora que descobrimos que estamos muito vivo e que queremos viver.

Percebi que seu sentimento sempre seria uma estrada de via única, por isso aqui fica o meu até logo, ou melhor, até sempre. E ainda mantenho o que eu sempre disse, minha escolha era, e sempre será você.

Comecei a pensar e cheguei à conclusão de como seria chato pra mim se você estivesse fazendo por mim tudo o que eu faço por você. Sabe a frase: ”Não faça aos outros, o que você não quer que façam com você?”, pronto, é basicamente isso. Pois eu vi que deve ser bastante chato pra você, eu estar falando direto sobre os meus sentimentos por você.

Então, tchau amor, até um dia quando nós voltarmos (ou não) a sermos o que éramos.





"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... O de mais nada fazer."
Clarice Lispector

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